17 jun 2022 admin
Um amor, um encontro profundo e inesperado com o Outro. É exatamente o que desejamos ao longo da vida. Aquela sensação desconhecida que pulsa de dentro pra fora, uma paixão que nos cure, recheada de idealizações, um despertar para vida.
Se buscarmos a nossa fantasia infantil, sonhamos com aquele príncipe encantado no cavalo branco que irá nos salvar de nós mesmas, das angústias, dos padrões repetitivos, das relações abusivas, encontrando a tão sonhada felicidade.
Um dos maiores desafios humanos é ser desejado por quem se deseja. Seria esse o nosso maior propósito? O que está acontecendo com os relacionamentos? Porque não estão sendo satisfatórios? Parece que repetimos sempre as mesmas situações? Caímos sempre nas mesmas armadilhas? Como lidar com o que nos falta?
O sociólogo Zygmunt Bauman apresentou o conceito de modernidade líquida e deixou um legado importante ao pesquisar as relações sociais, econômicas e sobre o amor. Elas são frágeis, fugazes, maleáveis e líquidas, escoam entre os dedos. Acrescentaria para ampliarmos o diálogo, que para além do amor líquido, estamos vivenciando um amor gasoso que se desmancha no ar. Uma “ERA SELFIE”? Egocêntrica, prazer imediato, de relações afetivas de troca, de esvaziamento do EU e de autossuficiência.
Se a resposta for sim, estamos no caminho certo para evolução.
Se a resposta for não, é preciso olhar pra dentro e avaliar onde foi que se perdeu de si mesmo. Dificuldade de aceitar-se, problemas com a sua imagem, ter medo de não ser suficiente e de ser rejeitado.
O medo patológico de não ser desejado, gera a necessidade de perfeccionismo e de agradar o outro, na fantasia de completude. “Se eu for perfeito, bonzinho e corresponder todas as expectativas serei amado.”
Pare e pense nas relações que são tóxicas, abusivas, que te oprime e que não te fazem crescer. A dependência emocional é o trauma de uma experiência de abandono e desamparo que virou ferida e não cicatrizou.
Há um desejo de forma inconsciente que o Outro realize tudo que eu não tive com as minhas primeiras experiências de amor, na relação com os meus pais. Os espelhos das figuras parentais se repetem na relação do casal.
Os conflitos ficam intermináveis, as reclamações se tornam queixas que provocam as brigas tóxicas e destrutivas. O desgaste é tão grande à ponto de não viver o amor, o desejo, o respeito e o companheirismo.
Curar-se é a possibilidade de ampliar a sua consciência sobre os traumas vivenciados ao longo da sua trajetória de vida e ressignificar a sua própria história. Avante!
Sua tarefa é remover estas três grandes âncoras: as crenças, os apegos e os medos.
Crenças: de que não vou ser aceito e de que não mereço um amor inteiro.
Apego: deixar ir, deixar partir aquilo que não cabe mais, mágoas, amores antigos e rancores. Encerre o ciclo. Faça o luto da relação que não cabe mais.
Medos: do desamparo e do desamor. Preciso acreditar em mim e resgatar o que perdi ao logo da travessia de vida. Somos feitos de AMOR.
A-MAR, um mergulho, uma viagem ao coração de um mar desconhecido. O de dentro, situado além do espelho da sua consciência.
Desejo a você muita coragem para olhar pra dentro e lidar com a parte que falta.
Aceita o convite?!
Aline Helena
Mãe, educadora, psicóloga, mediadora na relação estabelecida entre o SER humano e o conhecimento, além de livre pensadora. Pesquisadora do conceito de Inteligência Emocional pela The School of Life, Especialista em Psicologia Médica pela UFMG e MBA em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP).