16 ago 2022 admin
Pai presente, pai amigo, pai provedor, pai rígido, pai carinhoso, pai louco, pai ausente, pai brincalhão, pai todo, pai super-herói… várias formas de relacionar-se na relação com os filhos. Parafraseando a teoria Psicanalítica o pai é o primeiro Outro que a criança encontra fora do ventre de sua mãe.
A figura do pai é tão importante neste desenvolvimento, entre o EU e o não EU, nessa simbiose materna. É ELE que inaugura o nascimento da interioridade do filho e desfaz, assim, a fusão materna. A presença do pai é que poderá facilitar à criança a passagem do mundo da família para o da sociedade. Será permitido o acesso à agressividade, à afirmação de si, à capacidade de se defender e de explorar o ambiente.
Estudos apontam que as crianças que sentem o pai próximo e presente desenvolvem mais autoconfiança na vida, na escola e na escolha de uma profissão ou na tomada de iniciativas pessoais.
O que venho escutando muito no decorrer dos acompanhamentos paternos, é o medo de não conseguirem ocupar um lugar de amor e de encontro nesta real-ação. Na realidade sentem-se inseguros, sem ação, necessitando da figura materna e muitas vezes ficam perdidos e infantilizados.
Essa infantilização acaba prejudicando muito a relação do casal, a mãe deseja um pai proativo, resolvido e afetivo na relação. De repente, o que aparece é aquela frustração e sensação de solidão e aniquilamento: o pai neste momento precisa lidar com as próprias inseguranças internas, compreender as vivencias e traumas nas relações com os seus próprios pais.
Não é tarefa fácil… na maioria das vezes, eles passam por todo o paternar sem se darem conta de questões profundas, que geram mal-estar e irão ressonar na criação dos filhos. Haja fôlego para dar conta de tudo isso ao mesmo tempo.
É uma travessia longa que exige coragem para olharem para dentro, compreender essa construção como processo e pedirem ajuda para darem conta de criar filhos saudáveis e capazes de enfrentar a vida, quando não estiverem mais ao lado deles na fase adulta.
Seguimos com a firmeza e suavidade no desafio de ajudá-los a crescer e entregarmos seres humanizados para o mundo! É como precisamos…
Aline Helena
Mãe, educadora, psicóloga, mediadora na relação estabelecida entre o SER humano e o conhecimento, além de livre pensadora. Pesquisadora do conceito de Inteligência Emocional pela The School of Life, Especialista em Psicologia Médica pela UFMG e MBA em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP).