7 maio 2019 admin
O que você quer ser quando crescer?”. Quando feita a crianças, essa pergunta é respondida de uma maneira bastante descompromissada. Não é incomum que se ouça delas uma lista de profissões não relacionadas entre si, permeadas de sonhos e até mesmo de ilusões. No entanto, passados alguns anos, essa mesma questão pode atemorizar bastante um adolescente que inicia o ensino médio: ser astronauta, modelo, ator ou estilista pode já não parecer algo tão próximo assim ou não tão fácil ou, quem sabe, nem tão legal quanto se imaginava. No entanto, a pressão para seguir um rumo profissional aumenta consideravelmente.
Diante de tudo isso, o que fazer? É certo que não existe uma fórmula mágica, aquela que vai indicar um caminho sem chances de erros. Mas há, sim, alguns pontos que podem ser analisados para que as probabilidades de dar certo em um curso de graduação aumentem, gerando satisfação durante o período de estudos e na profissão que se escolheu.
De acordo com Delba Barros, coordenadora do programa de orientação profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para isso, o primeiro passo não é saber mais sobre uma determinada área, mas, sim, sobre você mesmo. É só avaliar: sabe algo que você faz com prazer e tão bem que os outros chegam até comentar positivamente? Alguma coisa que parece muito fácil para você, mas não tão fácil para o restante das pessoas? Ela pode indicar um caminho.
“Às vezes, isso acontece até mesmo na escola. Um aluno pode compreender física, por exemplo, como ninguém acredita. O estudante pode avaliar também outros fatores: se gosta de se expressar por meio da escrita ou oralmente, se gosta de enigmas matemáticos e de atividades que exijam um raciocínio mais lógico etc. Isso pode apontar para determinadas áreas e cursos”, diz.
Mas também não é só isso. Conforme ressalta Felix Araujo, membro da comissão técnica de processo seletivo e coordenador do centro de registros acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), é preciso avaliar como uma matéria que se gosta vai ser aliada a profissão no futuro. Ele cita como exemplo um aluno que aprecia bastante biologia. “Por causa disso, ele pode acabar optando por medicina. No entanto, precisa analisar o dia a dia do médico, que costuma não ter fins de semana, feriados ou trabalhar em horário comercial. É necessário procurar o estilo de vida que se quer ter”, explica o profissional.
Além disso, ao analisar determinado segmento sob o ponto de vista financeiro, também é essencial ter cuidado e estender a avaliação para o longo prazo, quando possível. Como pontua Araujo, o mercado costuma mudar bastante, e nem sempre um curso que era promissor quando uma pessoa entra na faculdade continuará sendo ao sair dela. “O importante é que se tenha, o máximo possível, a mente aberta”, diz o coordenador.
Aptidão. Você já se perguntou o que profissionais bem-sucedidos costumam ter em comum? Para Aline Helena, psicóloga do Grupo Bernoulli, a resposta é: eles gostam do que fazem. Segundo a profissional, o sucesso em uma profissão depende da motivação que uma pessoa tem. “Todo ser humano motivado produz em excelência”, diz ela. “Dessa forma, o trabalho cotidiano gera sensações que vão despertando bem-estar e felicidade. Ao realizar algo que deu certo, nosso cérebro consegue associar isso como um benefício e envia comandos para que se possa fazer outra vez e, assim, se tenha prazer novamente”, conclui ela.
Algumas orientações
Autoconhecimento. Saiba aquilo que você, de fato, gosta. As matérias estudadas na escola, com as quais você tem mais aptidão, podem indicar alguns caminhos. No entanto, avalie também se aquela matéria que te apavora não passa de algo que você passou a detestar por uma má experiência com um professor, por exemplo. Pode ser que esse sentimento não esteja relacionado a área em si e até que, identificando isso, ela passe a fazer parte da sua futura profissão.
Mercado. Analisar se um segmento é promissor também pode ser importante. No entanto, isso não deve ser feito de maneira superficial. O mercado precisa ser avaliado como um todo e em longo prazo. Você pode entrar na faculdade em uma época em que um curso é tido como ótimo, mas o cenário se modificar na época em que você se formar.
Dia a dia. Não basta gostar de uma área para seguir nela. Outro aspecto relevante é analisar o cotidiano do profissional. Você pode adorar biologia e querer fazer medicina por causa disso, mas não gostar do estilo de vida de um médico, em que se pode trabalhar aos fins de semana.
Diálogo. Converse com profissionais da área, mas não basta fazer isso com somente um. Pode ser que você fale justamente com alguma pessoa que não tem uma visão realista da própria área ou mesmo que esteja totalmente desmotivada com a profissão.
POR JULIANA SIQUEIRA – Jornal O Tempo